segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Parenthood

Me empolguei (e muito) para escrever sobre Parenthood depois de um series finale lindo e com muitas lágrimas, assim como toda a série. Já aviso que tá cheio de spoilers para quem ainda não chegou nos finalmente.
Parenthood é uma série sobre a família Braverman, o casal Zeek (Craig T. Nelson) e Camille (Bonnie Bedelia) com seus quatro filhos: Adam (Peter Krause), Sarah (Lauren Graham), Julia (Erika Christensen) e Crosby (Dax Shepard), mostrando suas respectivas relações familiares, amorosas, profissionais e claro, problemas e muito drama (pegue a caixinha de lenços, sério!), e tudo sempre muito bem balanceado com personagens extremamente humanos.
Comecei a assistir Parenthood despretensiosamente, vi o elenco e a temática e pensei “ah vou assistir só por assistir, ver no que dá”, até porque tinha a Lauren Graham e estava ainda sou) órfã de Gilmore Girls, e sempre simpatizei com nomes como a Erika Christensen, Dax Shapperd, Sam Jaeger... 
O episódio piloto serviu mais somente como apresentação dos personagens, mas mesmo assim algo me mostrou que ia gostar da série, e foi o que aconteceu. 
Se colocar no papel tudo o que a família Braverman passou você chega a pensar, ahhh para meew, é impossível uma família passar por tantas coisas assim, mas o criador Jason Katims e a equipe de roteiristas fizeram de uma forma tão natural, sem forçar nada, tudo acontecendo a seu tempo, teve situações clichês, mas eles souberam não tratar como clichê.
O filho certinho Adam bem casado com sua primeira namorada, Kristina (a excelente Monica Potter), com dois filhos, a adolescente Haddie (Sarah Ramos) e o então pequeno Max (Max Burkholder, que pra mim tem tudo para ter uma carreira brilhante) que descobrem que ele tem Asperger's. Eles passaram por desemprego do Adam, Haddie e seu primeiro namorado sério, Haddie indo para a faculdade, Adam e Kristina tendo mais uma filha, Kristina tendo câncer (um dos momentos mais marcantes da série), concorrendo a “city council”, abrindo uma escola para crianças especiais, a Chambers Academy,... e ainda teve mais. rs
Já a Sarah no episódio piloto faz o caminho inverso e volta a morar com os pais pois não tinha mais condições de se sustentar, levando junto seus dois filhos adolescentes, a revoltada (pô ha nessa época ela era chata pra ca%$&*) Amber Holt (Mae Whitman) e o Drew Holt (Miles Heizer). Sarah trabalhou por um tempo como garçonete, nas primeiras temporadas vivia tendo problema com os filhos, namorou e depois noivou o professor de inglês da filha, que era mais novo que ela, Mark Cyr (Jason Ritter), escreveu, lançou peça de teatro, começou a trabalhar com fotografia, descobriu que era isso que gostava e acabou casando com o também fotógrafo Hank (Ray Romano).
A Julia tinha a família aparentemente perfeita, maridão Joel (Sam Jaeger) e a filha Sidney (Savannah Paige Rae), carreira de sucesso como advogada, enquanto o marido ficava basicamente em casa. Aí eles decidem ter outro filho, não conseguem engravidar, tentam barriga de aluguel, que decide não entregar mais o bebê no dia do nascimento, adotam uma criança já grande, Victor (Xolo Maridueña), tem todo o processo de aceitação da criança e um dos diálogos mais fodas fera da série em que Julia diz que parece que ela está esperando se apaixonar pelo filho, a cena linda no cartório quando oficializam a adoção do Victor, aí todo o drama depois que Joel começa a trabalhar, Julia se demite, Joel acha que ela está o traindo, sai de casa, se separam, e muitas lágrimas até que depois voltam a ficar juntos, e com mais crianças no caminho.
E o caçula Crosby trabalhava com música, não queria saber de compromisso sério, vida fácil, morava num barco e aí tem a vida mudada quando a ex-namorada, Jasmine (Joy Bryant), aparece com um menino de cinco anos, Jabbar (Tyree Brown), e que é seu filho. Começa todo o processo de amadurecimento, ele volta a namorar Jasmine, mas trai ela, terminam, depois voltam e se casam, tem uma filha, abre o The Luncheonette, passa por perrengues financeiros, mas depois tudo se acerta e Jasmine fica novamente grávida.
Todos esses “núcleos” centralizados nos pais Camille e Zeek, que também passaram por alguns dramas, Camille querendo aproveitar o mundo, Zeek querendo ficar em casa, Camille indo estudar artes na Itália, decidindo vender a casa em que criaram os quatro filhos, e depois todo o drama com a doença do Zeek. Achei tão lindo quando eles voltaram nesses episódios finais para a casa para ir buscar a bola de beisebol que Zeek queria deixar de presente para o bisneto, só o fato de ver os dois parados na frente da casa vendo outras crianças brincarem no quintal já te tira lágrimas dos olhos, como sempre.  
Bom isso aí é só um resumo rapidão do que aconteceu hehe

Uma coisa é certa, Parenthood foi a série que mais tirou lágrimas dos meus olhos, durante a série inteira, e não somente na última temporada. Pontos para um excelente roteiro e diálogos, e um elenco primoroso, que conseguia emocionar na mais simples das cenas. Pena que por não ser uma série tão “impactante”, não teve tanto reconhecimento. Todos os atores, todos mesmo, tiveram cenas difíceis e conseguiram entregar cenas emocionantes, desde a pequena Savannah, o adolescente Miles, até o veterano Craig.
Não vou conseguir lembrar e muito menos escrever aqui os momentos que mais chorei na série, mas alguns eu consigo, acho que a Monica Potter foi a que mais me fez chorar na série inteira. A cena em que a família toda está reunida após um jogo de beisebol do Victor e a Haddie volta da universidade ao saber que a mãe está com câncer, as duas se abraçam e choram na frente de todos, e esses sem saber o que está acontecendo, Kristina acaba contando a todos que está com câncer, a gente não escuta as palavras dela, mas o fundo musical e as expressões de todos os atores em cena te fazem debulhar em lágrimas, sútil e verdadeiro.
Outra cena que me secou foi quando a Kristina já recuperada do câncer vai se despedir da amiga que fazia tratamento com ela, Gwen Chambers (Rose Abdoo) - daí o nome da escola, e que não teve a mesma sorte na recuperação.
Quando assisti os primeiros episódios e via a Lauren Graham como Sarah Braverman era óbvio que comparava com a Lorelai Gilmore, ainda mais que ambas ficaram grávidas bem novas, mães solteiras e tinham filhas adolescentes, mas logo já consegui parar as comparações, a Lauren fez um ótimo trabalho como Sarah, um personagem indeciso, meio que inseguro, que foi amadurecendo e descobrindo o que queria da vida durante o decorrer da série. Por esses dias comecei a rever Gilmore Girls e a Sarah não tem praticamente nada da Lorelai, apenas aqueles olhos expressivos da Lauren.
A cena em que a Sarah pede para o Hank antecipar o casamento e se segurando para falar que queria ter certeza que seu pai estaria lá, não querendo falar que ele poderia morrer é de cortar o coração, ela mal fala mas você sente a agonia que isso causa. Outra cena que me marcou nessa temporada final foi uma bem simples, mas bem linda, Sarah vai visitar rapidamente a Amber, e a filha pede pra mãe ficar um pouco mais, e diz que está com medo da gravidez, acha que ter o filho pode ter sido um erro, Sarah tranquiliza a filha, pega o violão e as duas cantam juntas uma música em meio a lágrimas. (E pensar que a Sarah poderia ter sido interpretada pela Maura Tierney de E.R., nada contra, mas a Sarah é a Lauren! E até parece mãe da Mae).
Falando em Amber, foi o personagem que passou de uns que eu menos gostava para talvez o meu favorito (fico em dúvida com Camille), aquela típica adolescente I wanna be rebel, revoltada com a vida, com os pais, blablabla roubando namorado da prima, se metendo em m**** e ainda quase morrendo em acidente de carro, aí leva uma bronca do avô Zeek, e depois de um tempo começa a tomar um certo rumo na vida. Foi trabalhar, morar sozinha, trabalhou na campanha de um político com Kristina, se envolveu com o cara (que tempo depois virou um fdp rs), e aí conheceu o Ryan (Matt Lauria, ayyy <3), soldado que tinha voltado da guerra e passava por problemas, se envolveram, terminaram, ele teve um acidente, voltaram (ou não) e aí ela engravidou. Mas decidiu ter o filho sozinha, achei bacana isso, mostrou o amadurecimento dela, mesmo ainda tendo uma esperança de que o Ryan melhorasse e eles voltassem a ficar juntos. Até porque Amber e Ryan me parecia muito com Camille e Zeek, ela toda artística, mais cabeça, e ele um ex soldado que passou por problemas. Mas ok, bola pra frente rs. Amber além de ter as reações que mais gostava na série, foi o personagem que mais mudou visualmente e também em questão de amadurecimento, fiquei satisfeita com o final dela!   
Mais momentos:
As dancinhas: Ain't no party like a Braverman party!
Uma das minhas cenas favoritas (tô cheia de cenas, me deixa), quando Jasmine aceita finalmente se casar com o Crosby, numa cena de chuva!
Qualquer momento dos quatro irmãos juntos, conversando, zoando, dançando!!
Quando toda a família está junta no jogo do Victor e Ryan é apresentado por todos pelo Zeek, e Amber solta:
A cena em que todo o clã Braverman vai ao cartório na oficialização da adoção do Victor.
Amber e Ryan na praia.
Quando Joel sai de casa e os outros 3 irmãos vão na casa para fazer companhia a Julia.
A cena triste quando Joel e Julia estão conversando sobre a separação com o advogado, e Joel diz que não quer ficar com a casa, porque sem a família não é mais lar, a emoção que a Erika e o Sam Jaeger passam em cena é tremenda, e depois ainda se fecha com uma cena dos dois se abraçando no elevador.
O chá de bebê de Amber no hospital e cada uma das mães falando algo para ela.
Zeek e Camille conhecendo o bisneto e Amber diz que o nome é Zeek.

Relações:
A relação Adam/Crosby também foi um ponto bem interessante, Adam o exemplar, certinho, Crosby o caçula meio inconsequente, discussões, brigas seguidas por um discurso lindo de Adam no casamento de Crosby, abrem o estúdio The Luncheonette, que como Crosby era produtor musical era um sonho dele, e Adam desempregado e com experiência em administração, entra na sociedade. Um dos lugares mais bacanas de cenários de Parenthood (só perdendo para a primeira casa de Zeek e Camille, ahhh e o apê da Amber), empregam a Amber, fazem um certo sucesso e depois passam a ter problemas financeiros. Adorei a cena de Crosby, Adam e Amber vendo o Glen. 
Adorava a relação de Zeek e Camille com cada um dos filhos, as conversas de Camille com cada uma das filhas, ou do Zeek com cada um dos filhos. Nessa temporada final os momentos do Zeek com cada membro da família, como a conversa de quando a Amber diz a ele que está grávida, quando pede ajuda do Drew para programar a viagem para França com Camille (que ela acaba fazendo <3), quando fala para Joel correr atrás de Julia...
As conversas de Sarah/Julia, as relações de Hank/Max, Amber/Drew, Amber/Sarah, Camille/Kristina,...

O episódio final (spoilers), bem, o episódio final destroçou comigo, foi lindo e triste, mas tudo sem aquela forçação de “faremos você chorar”, não, foi sutilmente bem escrito e atuado o que dá um efeito bem mais emocionante. Ainda bem que assisti sozinha porque olha, cheguei a soluçar (rs), mas é verdade.
Já no início Hank vai pedir a mão de Sarah a Zeek, e Zeek fala que a filha foi uma professora pra ele na vida, que lindo. Depois numa cena só de Zeek e Sarah ele diz a filha que dos 4 ela é a sua favorita e pergunta se ele foi um bom pai, Sarah com lágrimas “The very best”!
Adam e Crosby põem um fim na sociedade no The Luncheonette, e cabe a Crosby dar a má notícia a Amber, mãe solteira e agora, sem trabalho, eita! Mas aí em mais um ótimo diálogo de Zeek com seus filhos, fala para Crosby que ele tem total capacidade de seguir em frente com o projeto sem o Adam, e assim, ele chama a Amber para ser a nova Crosby! hehehe
Julia e Joel voltam a terem seu happy end, e mais ainda, acabam adotando a meia irmã recém nascida do Victor, e pra fechar com chave de ouro, tem mais um filho.
Kristina contrata Adam para que ele trabalhe integralmente na Chamber’s Academy como diretor.
Só senti de um final mais específico para Crosby e Jasmine, mesmo que não precisasse, só pra encerrar.
A sequência do casamento de Sarah e Hank foi linda, toda a família reunida, Haddie retorna para soltar uma das falas mais lindas para o Max “I think you’re special and cool and weird and wonderful and the best brother.”,
Os filhos e netos todos reunidos tirando fotos e Zeek e Camille observando de longe “- We did good, didn't we, Camille? - We sure did!”.
E o discurso do best man Drew?! Coisa mais fofa, ainda mais com os olhos de Lauren Graham brilhando! E Zeek e Camille convidando Amber e o pequeno Zeek pra morar com eles, pô ha, meu coração! E sem falar que no casamento tocou Maybe I’m Amazed do Paul McCartney, pronto!
E meldels!! A cena derradeira! O que falar da cena que a Camille chama o Zeek e ele não responde, pensei “caramba, é agora, não tô preparada”, Camille volta a chamar e nada, ela encontra ele imóvel na cadeira, e pronto, lá vem o choro com soluços! Bonnie foi perfeita em cena.
E assim, não teve a berraceira da Camille chorando e nem uma cena triste de um funeral. Quando começou todo o drama do Zeek doente a gente já imaginava que no final ele morreria, mas ninguém queria, mas fazer o que, é o ciclo, e até que faz sentido, ele era a principal figura paterna da série, e seu personagem morre justo no final da série chamada Parenthood. (dã)
Aí sem uma cena triste de funeral, aparece a Camille jogando as cinzas do Zeek no campo de beisebol, com toda a família, como ele queria, intercalando com uma sequência linda mostrando o passar do tempo nas famílias (O Ryan com o filho e se dando bem com Amber e o atual namorado dela <3!!) e termina com um jogo feliz de beisebol com toda a família, como o Zeek pediu. E assim como no episódio Piloto, beisebol com toda a família no campo e a versão mais lenta de Forever Young tocando. <3
Eu assistindo o series finale!
Acho que Parenthood já me cativou também pela música de abertura, uma versão acelerada de Forever Young do Bob Dylan, e no vídeo imagens dos atores/personagens mais novos e a cena do jantar do piloto.
May God bless and keep you always 
May your wishes all come true 

May you always do for others 
And let others do for you 
May you build a ladder to the stars 
And climb on every rung 
May you stay forever young 

May you grow up to be righteous 
May you grow up to be true 
May you always know the truth 
And see the lights surrounding you 
May you always be courageous 
Stand upright and be strong 
May you stay forever young 
May you stay forever young

Adorei a edição e montagem das cenas, a forma como os diálogos aconteciam, não aquela coisa comum de série: um fala, termina, aí o outro fala, não, em Parehthood os diálogos eram mais reais, as pessoas falavam juntas, não deixavam o outro terminar suas frases e coisas do tipo, até porque a maioria dos diálogos eram em reuniões familiares aí já viu como é neh?! As câmeras sempre em movimento, tornando as cenas mais realísticas, aquele movimento de filmar o rosto do ator, dá um zoom nos olhos, aí um movimento para mostrar o que o ator está fazendo com as mãos.
A série também focou bastante na continuidade dos episódios, se você assistir o episódio piloto depois de ver o final vai ver certas ligações como quando a Sarah pediu desculpas ao Drew por não ter escolhido um melhor pai para ele e aí no final se casa com Hank que se mostra uma figura paterna bem presente pra eles. Ou o desespero de Adam e Kristina ao descobrirem que o filho tem Asperger's e no final como eles se dão bem com isso, felizes com a evolução do filho, se formando na escola, conseguindo trabalho de fotógrafo, dançando com uma menina. Tirando a mudança do ator que fez o Seth no piloto para a entrada de John Corbett.
As crianças e os adolescentes crescendo diante dos olhos dos espectadores, que sorte eles tiveram ao pegar por exemplo o Max, tão pequeno, para fazer um papel tão difícil e, cresceu e ficou ainda melhor!
A trilha sonora foi um personagem a mais nessa série, sempre com a música certa, muitas vezes tirando as vozes dos personagens para dar um tom mais sentimental ainda. Tocou muita música boa, conheci outras boas também, e no The Lunchenete rolou até o ótimo Glen Hansard e Cee Lo Green.

Deixei muita coisa de fora, aconteceu muita coisa nessa série, mesmo, souberam aproveitar muito bem as 6 temporadas com um roteiro rico, personagens queridos, situações realísticas, por isso que o final parece deixar um vazio grande. Claro que teve alguns pontos baixos da série, como do final da temporada 5 que achei meio fraco, o mimimi de Joel, na última temporada em que não apareciam todos os personagens e outras coisinhas. Mas o que fica é uma série extremamente tocante e linda, obrigada Jason Katims por nos apresentar ao clã Braverman.